terça-feira, 7 de setembro de 2010

Autobiografia de 50 Cent conta história do rapper ex-traficante


NOVA YORK (Reuters) - A autobiografia do rapper 50 Cent constitui uma versão moderna da concretização do "sonho americano": começar a vida vendendo crack, fugir dessa vida por meio da música hip hop e, depois de alcançar a fama, ganhar dinheiro com anúncios de tênis.

Seu livro "From Pieces to Weight" chegou às livrarias na terça-feira, e os fãs fizeram filas numa loja de música de Nova York para comprar cópias autografadas do livro do músico de 30 anos, cujo primeiro álbum, "Get Rich or Die Tryin"', de 2003, já vendeu mais de 12 milhões de cópias.

O império comercial de 50 Cent inclui um selo musical, água vitaminada, grifes de roupas, um videogame e uma organização sem fins lucrativos chamada G-Unity que tem por objetivo melhorar as perspectivas de vida dos jovens em bairros como aquele no qual ele próprio cresceu, Southside Jamaica, no distrito de Queens, em Nova York.

"Depois de ter levado nove tiros à queima-roupa e não morrer, comecei a pensar que eu deveria ter um objetivo na vida", escreve 50 Cent, descrevendo um confronto com traficantes em Queens, em 2000, depois do qual passou 13 dias no hospital.

Filho de uma traficante de drogas que foi assassinada quando ele tinha 8 anos, o garoto conhecido como Boo-Boo já vendia drogas aos 11 anos e comprou sua primeira arma aos 16. Ele a usou poucos meses depois, dando um tiro na perna de um adolescente quando foi cercado por um bando de rapazes que tentavam assaltá-lo.

Embora descreva uma infância passada numa família em que seus amigos e familiares bebiam e consumiam drogas, 50 Cent, cujo nome de batismo é Curtis Jackson, não procura justificar o fato de ter sido traficante. Ele diz que viu que poderia ganhar dinheiro em menos tempo nas ruas do que se continuasse na escola ou trabalhasse em troco de um salário mínimo.

"Traficar não parecia ser uma das opções possíveis -- me parecia a única opção", ele escreve.

Ele passou dois anos num programa de reabilitação de drogas exigido pelo tribunal, durante o qual admite ter enganado os profissionais do programa para que pensassem que estava dando ouvidos a seus conselhos. No primeiro dia em que ficou livre, já voltou a vender drogas.

"SOU ABENÇOADO"

As pessoas que ele descreve formam um retrato triste do mundo da criminalidade nova-iorquina. É o caso dos pistoleiros "Grits" e "Butter", que abateram um rapaz que devia dinheiro a 50 Cent, depois de ouvir o atual rapper se queixar.

"Se eu soubesse que eles estavam ali, eu teria dito 'caras, estou irritado neste momento, mas não estou querendo que vocês dêem um tiro em Phil'. Mas eu não sabia que eles estavam ali, então não disse nada, e naquela noite Phil foi morto com um tiro à queima-roupa no peito", escreve 50 Cent.

No livro, o rapper conta que o nome 50 Cent foi inspirado em "um garoto que fazia assaltos no Brooklyn", descreve como entrou numa disputa prolongada com o rapper Ja Rule e como quase perdeu seu primeiro encontro marcado com os superastros do hip hop Eminem e Dr. Dre, em Los Angeles, porque os seguranças do aeroporto o barraram quando descobriram que ele estava usando colete à prova de balas.

"Sou verdadeiramente abençoado", ele conclui. "Poder ajudar pessoas do meu bairro é apenas um dos lados bons de ter um monte de dinheiro."

50 Cent diz que não se vê como exemplo a ser seguido, mas afirma: "Sou uma prova de que é possível dar certo."

A MTV Books está anunciando seu livro como a história de uma luta pela sobrevivência e para "ver de perto a riqueza do sonho americano".

Uma coisa é certa: a história vem inspirando os fãs que fizeram fila para ver de perto seu ídolo, que esta semana está se apresentando ao lado de Eminem em Nova York.

"Ele fala a verdade, fala do que precisou passar quando cresceu em seu bairro pobre", disse Richard Ritz, 14 anos, do bairro do Brooklyn. "Eu também quero ficar rico e talvez precise morrer tentando."

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